Era noite e ao longe podia ver pequenas centelhas
de luzes que mais pareciam estrelas.
Fiquei horas inquieta com tamanha grandeza.
Por mais que já o houvesse apreciado
diversas vezes, a sensação é de novidade, porque
a beleza que transborda das ondas calmas junto a brisa noturna,
não é visão que acarrete costume, apenas êxtase.
Não sabia o que fazer com o sentimento que em mim ficou.
Entrei em contato com a imensidão, com o horizonte distante e inalcançável,
contato que não fala de fisicalidade, antes é um apoderar-se do infinito.
Deu vontade de pegar todo o mar que me pertencia e pôr na coleção das coisas eternas,
mas não pude. Era irreal e ao mesmo tempo perceptível.
Quis morder, como criança que entra nos primeiros meses de vida em contato com o mundo,
mas também me era impossível de fazê-lo.
Nada consegui portanto, naquele momento.
O homem não se contenta de não poder medir ou materializar o que sente...
Precisa do concreto e não sabe que a mais bela forma de entender o mar talvez
esteja nos versos.
Autora: Sharline Dionízio