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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Nada leve


O que posso sentir, senão o que de dentro me confronta, me enfrenta, me espanta?
O que posso tocar senão os meus anseios e desejos, às vezes tão mesquinhos, tão infames?
O que não suporto, o que me retorna de fora e de dentro, dos lados e me devora.
 A vida sempre devolve da mesma forma.
Quem pode deixar de ser o que foi de antemão considerado?
Ninguém pode escapar da vida e até mesmo a morte não pode nos roubar a hora da partida.
O que de você me é apresentado, o que de mim não tenho como único, o que de tantos me disfarço?
Tenho de mim, de você e de outros que nunca olhei.
O que minhas verdades dizem é a mentira da humanidade.
O que sei é o que todos sabem.
A subjetividade é uma máscara que se usa para não enlouquecer, para não esquecer
a poesia do mundo.
É o choro, é o desespero, sou eu sozinha assim, dentro do quarto.
Meu olhar é mudo, meu olho escuta, meu ouvido fala.
Tudo fala por mim, tudo se move, tudo cala em mim.
Olhe suas mãos, sinta seu coração.
Veja como pulsa, arde...

É a vida e ao mesmo tempo a morte.