Povo brasileiro, não os culpo pela descrença.
Não julgarei teus gritos de revolta.
Terei paciência quando cansados do descaso já não crês
que há
Solução.
Em meio às circunstâncias tão adversas o que se houve são
brados
que não fazem eco.
Nação tão subjugada pelo dinheiro, pela força dos
poderosos.
Não os culpo por não terem mais a cor da esperança.
Não tens mais cor alguma.
Quando de longe vejo olhares que não fitam mais nada
Não ouso dizer que sois culpados pelo governo que tens.
Não é tua culpa.
Andas como quem não vai a lugar algum.
E há algum lugar para ir?
Tuas lágrimas me comovem, teus pés cansados paralisam os
meus.
Teu discurso é de quem não acredita mais.
E eu, ainda posso dizer para não desistir, simplesmente por
que teu sorriso me enche de esperança.
Quem sois senão povo que não sabe o que faz com o poder
que possui?
És as mãos que escolhem, mas também és a vida manipulada
pela ganância.
Não os culpo e nem poderia!
Quantas vezes teus passos buscaram a única luz
que iluminava e no entanto voltastes sem nada!
Minha voz para ti não fala.
Somente ouves os gemidos do vazio de teu corpo cansado!
Teu chão é árduo.
Não houve saída para tua estrada, teu caminho foi
roubado.
Queria poder dizer mais do que disse naquela fila da
democracia forjada.
Não tens muito estudo, mas já me falavas da obrigação
De escolher quem não merece vencer.
Já me questionavas sobre minha esperança e eu só pude
Dizer que fé é confiar sem ver.
Mas, não sei por que falei de fé, para um povo
Que faz isso todo dia sem saber.
Fui para casa com aquela palavra na mente: Fim!
E aquela mulher também foi embora e levou
Minhas palavras que não servirão para nada.
Mas em mim ficou sua tristeza, sua revolta de uma cirurgia
que nunca chega e esse texto
Que agora escrevo baseado nas palavras que escutei.
Minha última frase foi: D. Lurdes tenha esperança a
senhora vai vencer!
Autora: Sharline Dionízio