Sejam bem vindos!!

























terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O barquinho


               

                 Ando pensando na morte. Como diz Fernando pessoa: “Pensar é estar doente dos olhos”. Eu peço permissão para modificar essa frase: “Pensar é ver um mundo doente”. Sei que é cruel, deve ser por isso, que nosso poeta usou deste eufemismo, atribuindo a moléstia a si mesmo.
                Hoje me dei conta que pensar sobre a  morte é uma chance que Deus nos dá, antes dela chegar. Morrer, caros leitores, é uma forma de sair de cena de uma forma memorável. Só hoje, percebi deveras, que não queria morrer de forma alguma... Mas, quem o quer? Meu pai um dia salvou uma lagartixa da fuga implacável de um gato que a iria matar e pensei que não era seu dia. Eu salvei um pássaro que não podia voar... mas ele morreu mesmo assim.
                Lembrando dos pacientes internados chego à conclusão mais cruel: poderia ser eu... Porque não? O que impede? Comumente não pensamos nisso. Mas, eu como a borboleta saio do casulo da mesmice. Adoro esse exemplo, gosto de borboletas... Seu vôo é leve, vê-las  é tão simples, são delicadas e ao mesmo tempo resistente as intempéries. Aprendem a sobreviver ao casulo, aprendem com isso. Elas são vibrantes, coloridas e um dia já se rastejaram na vida, talvez isso as tenha ensinado a valorizar sua última fase como ser alado. Contudo, não nos permitem o pouso fácil, se quisermos admirá-las é preciso olhar para cima.
                Sempre que abro a porta de uma enfermaria para falar com um paciente, eu reflito se mereço participar de sua vida deste jeito.  As perguntas que faço, por vezes, os fazem chorar, se emocionar. Pergunta simples: Como está se sentindo hoje? As lágrimas escorrem, as mãos repousam trêmulas no rosto, a cabeça se inclina e não se olha nos olhos, como se chorar fosse uma confissão, uma sentença.
                Por que estou aqui, se não for para isso? Estou ali, chorando junto sem que a lágrima decline, dizendo sem dizer, que compreendo a sua dor, como se eu a estivesse sentindo. Que sem abraçar, os meus braços estejam abertos para acolher seu sofrimento. Quando caminho pelo hospital, eu vejo que sou apenas mais alguém que resolveu ser pôr-do-sol... tudo se renova.
                Freqüentemente olho pela janela e vejo a imensidão do mar, então não penso mais nada, eu me curo de ser gente. Não vejo, eu sinto e sentir é sarar dos olhos.


               


Meia-noite estrelada




E nesse adeus você pode entender...
Me sinto uma só com você e não me assombro com isso.
É como se me afastar fosse
Não ter uma parte de mim.
Essa noite não há nada a fazer, a não ser aceitar.
Alma longe da alma.
Corpo longe do corpo.
Só a poesia tenta entender.
Talvez ao ler esse textinho possa perceber
Porque não há acordo entre uma preparação
E o meu sorriso de aceitação.
Não tenho intenção de prender sua atenção
É que tenho necessidade do seu jeito moleque e homem
Da sua voz de sertão, 
da sua gargalhada e das suas gracinhas.
Do seu...eu te amo que soa quase baixinho.
Vai, meu amor que a noite logo passa
e o dia sempre traz você de volta.






quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Antes que acabe *-*


Antes que o dia acabe é interessante olhar em volta, pensar um pouco o quanto deixamos de fazer, de pensar e de amar.
Como nos transformamos à medida que o tempo passa!
O quanto ficamos “caretas”, e esquecemos de olhar apenas à nossa volta.
O céu, aquela árvore que sempre está no mesmo lugar, olhar para a lua que surge todo dia, olhar para o sol e sentir o seu calor.
Não é difícil entender porque os pássaros cantam tanto e parecem tão felizes.
É  interessante que o mundo nos seja sempre novo, que cada rosto que vemos todos os dias, surja sempre como novidade, não importa quanto nós vemos cada pessoa que encontramos, elas sempre serão novas pessoas.
Não desperdice seu tempo com raiva da vida ou de alguém, que sua raiva seja passageira, que seu tempo seja precioso, que sua vida seja feliz.
Olhe simplesmente para além do céu, o universo está sempre lá, na sua complexidade, na sua imensidão e você... e eu... estamos aqui como pássaros, presos em nossa liberdade, pequena gaiola do tempo.
Lá, o tempo não existe, aqui nada é concreto a ponto de você ser tão careta. 
Olhe para cima e não tenha medo de sonhar, pois é tudo que temos.
Todos nós somos apenas um, unidos pela nossa condição de sermos humanos, e o que nos resta então é a felicidade.
Eu não tenho medo de falar em ser feliz, muita gente tem medo de falar e de ser. 
Não cometa esse erro, porque felicidade é tudo que temos e não pode ser roubada de nós.
Felicidade é pássaro que canta por nada, é ave que gorjeia sem saber por que, ela pousa na árvore e torna-se parte dela.
Felicidade é somente acordar, é viver sem saber. 
Porque quem sabe viver, nunca aprendeu em nenhuma fórmula, apenas deixa a vida se fazer.
Eu tenho medo de quem teoriza para ser feliz.

Eu sou feliz sendo, e viver é isso, é simplesmente ser.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Saudades de dizer




Esta é apenas uma tentativa de escrita.
É que às vezes, foge-me a poesia.
Ela se transforma em paisagens, cores, imagens abstratas
Tudo tornou-se muito concreto e então tive saudades.
Saudades da rima, do inesperado, saudades das palavras
Desconexas, do pensamento desorganizado.
Na verdade, saudades de mim, da angústia que me toma
Ao pensar no vazio da existência.
Poesia é não ter onde pisar, ou não ter porquê pisar.
Saudades de ver além

Da humanidade angustiada da qual sou parte.

sábado, 26 de julho de 2014

A condição humana


Vivemos como em um sono profundo e a morte é o despertar permanente. Interessante que comumente ouço que o sono se assemelha a morte, eu não acho. O sono se assemelha a vida, pois com suas ilusões (sonhos) nos fazem acreditar que a realidade é aquilo que vemos, no sono não nos damos conta da vida que vai passando, da respiração que envolve nossos pulmões. O sono nos deixa vulneráveis, despreparados. Na vida nunca estamos preparados, o futuro é incerto, o presente, muitas vezes, um embrulho difícil de abrir todo dia. Viver é assim.
São tantas as tentativas do homem para descobrir os segredos da terra, mas em vão vasculham nos cérebros humanos a inteligência perfeita, procuram vida em planetas afastados, constroem imensos paraísos particulares na ilusão de que algum dia possam ser donos dos próprios corpos, possam quem sabe, prever e marcar o dia da morte, ou melhor, nem morrer.
Estudamos anos e anos a fio, na esperança de sermos úteis para a humanidade e não sermos descartados pela sociedade. As pessoas se especializam em profissões, que talvez dê bastante dinheiro para que possam comprar tudo que desejam, se esforçam para serem melhores em tudo. Melhores na vida, melhores na comida, melhores nas roupas, melhores nas casas que moram, melhores conhecedores de tudo, melhores no amor, melhores até na dor.
Enquanto isso, aqueles que nem de longe poderiam sonhar com tamanha façanha, vêem tudo isso inertes, tristes, sonhadores cegos, surdos e mudos, que por meio de uma tela pequena e antiga acompanham o progresso da humanidade. Esses passam despercebidos. A não ser que nos emocionemos um dia desses, com uma história linda de um menino de rua que cresceu e tornou-se doutor... aí sim, acreditamos que um sonho pode ser real mesmo. Ou quando um  apresentador de TV vai até a favela e reforma a casa de uma mãe desesperada que passa fome todo dia, ou reforma o carro velho de algum homem pobre que sustenta a família de 11 filhos, que finalmente poderão passear de carro novo com o pai, sem nada na barriga.
Quando vamos ao shopping o que vemos é a segregação, o poder das roupas, do dinheiro, do prestígio. Quando abrimos o facebook, não vemos nada diferente disso. Vemos felicidade comprada, forjada, amores inventados, personalidades falsas, Sorrisos fingidos, aventuras mentirosas, festas maravilhosamente mal aproveitadas, vemos futilidades expostas ao ridículo. E novamente, aqueles que vêem pensam: Nossa, como são felizes! Como a vida deles é perfeita!
Não quero aqui condenar as pessoas que fazem isso, longe de mim! É só reflexão, é só conversa pra boi dormir! O que desejo mesmo é viver a vida como em um longo sono, sabe aqueles sonos que você dorme com vontade, quando você ta muito cansada e se deita na cama? Um sono gostoso. Quero sonhar muito, mas aquele sonho que você sabe que ta sonhando... já sonhou assim? É isso, eu quero vida de verdade, amores verdadeiros, sorrisos sinceros, felicidade cotidiana, não quero roupa de grife, quero ser "eu" onde estiver, não quero expor o quanto sou feliz, eu quero é ser. Quando um dia eu despertar, que seja maravilhoso também. E talvez pergunte como Pilatos: O que é a verdade?


quarta-feira, 9 de julho de 2014

Entre os dias


Felicidade não se conta, não se mede e não se pede.
Felicidade apenas se descobre, se vive e se move 
Ela está entre olhares, passos, modos e desmodos
Felicidade não morre 

É aquele suspiro depois de um dia corriqueiro 
Felicidade é a conversa olhando para o horizonte alaranjado
É a vista da lua pelas frestas do telhado

Felicidade é a rima do poema, 
A música preferida sendo ouvida ou cantada
Felicidade amiga da satisfação, da alegria e da simplicidade
Felicidade é tudo que se procura e não se acha

Felicidade é o amor que brota
Felicidade não está  do lado de fora
Felicidade não tem lado
 Felicidade não tem sentido
Não tem hora...

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Canção da saudade


Meu Seridó é como a terra de Gonçalves dias...
Tem pássaros que só cantam por lá.
Tem flores que iguais não há.
Tem tanta estrela, que parece farinha no ar.
A lua tem pressa em aparecer para que a gente possa admirar.

Meu Seridó dá muito gosto de ver, de apreciar.
Seus cactos, campos e caatingas são vistos no horizonte.
E quando a seca se prolonga o sertanejo fica triste, mas não desiste de lutar.
A chuva na minha terra é difícil, mas quando chove é de arrepiar.
Os campos são tão verdes que dá vontade chorar.

Meu Seridó tem gente simples e lutadora.
Que acorda cedo e sai pra capinar.
planta sem medo de errar
É melancia, e o que precisar
Cria gado, peixe e canarinho pra se alegrar.

Quando enche o açude, barrerinho e lagoa
Tem até pescaria
O espetáculo é grande
É gente tomando banho e a se refrescar.
Dá pra ver de longe a alegria no ar.

Tem primores que só encontro lá.
Tem mais amor e mais vida.
Tem um pôr-do-sol que declina devagar
Meu seridó,
 dá vontade de ficar
Mas Deus permita,
Que eu muito volte pra lá.



Em cada olhar


Aprender é se abrir para o sentimento.
Não estou falando de conhecimento que se adquire nos livros.
Falo da sabedoria que se aprende ao abrir a alma para o essencial.
E o que é essencial?
Essencial é viver o momento.
 Sentir o agora com todas as forças.
Parar um segundo, olhar sem pensar, sem tentar compreender porque o céu é azul ou porque a folha cai.
Essencial é saber que tudo que se vive tem um por que, uma razão, um motivo.
É olhar para trás e entender que tudo que se viveu ou se vive, faz parte de um processo muito maior.
É  a poesia da alma e não da métrica.
É  o olhar da despedida difícil, da voz embargada, do choro não contido.
Essencial é escrever sem motivos externos, é apenas dizer.
É ser você mesmo todos os dias.
é apreciar um pôr do sol sem que isso seja uma preocupação e nem que se sinta importante por isso.
É esvaziar a alma de sentimentos ruins, esvaziar a mente do que não acrescenta.
Essencial é olhar nos olhos e escutar.
 É  sorrir em nome da verdade e por prazer.
 É  abraçar com o corpo todo e com sinceridade.
É caminhar sabendo da importância de cada passo seu.
Essencial é viver o presente, como um agora interminável e maravilhoso.
É amar de forma sincera a quem precisar do seu amor.
É finalmente o que não cabe nessa escrita tão pequena, tão frágil para falar de algo tão grande, tão íntimo e importante.
Essencial não é entender o que escrevo, 
essencial é sentir o que sinto agora, 
a plenitude do momento.


quinta-feira, 6 de março de 2014

Tentativa







Chega um tempo (já dizia Fernando Pessoa), que é preciso abandonar antigas amarras, cordas que  construímos em torno de nós.
Chega um tempo que o comodismo incomoda, que o fazer mecânico nos torna dependentes de nossas próprias ações.
Chega um tempo que você realmente olha, para que possa ver, e às vezes demora. Fazer porque todo mundo faz, já não te dá prazer e assim, começa a questionar o porquê de coisas que nunca foram importantes para você.
 Chega um tempo que a quantidade de informações te sufoca e você precisa escolher. Um tempo que é só você & você. E então,  pára e pensa no que está pensando do seu fazer.
Chega um tempo que o seu presente é seu futuro, que você não tem mais tempo de ser, precisa priorizar uma via, se despir das suas verdades e refletir novas respostas.
Chega um tempo que as escolhas são dolorosas, mas não há outro caminho para o crescimento, a não ser seguir em frente.
Chega um tempo que não sabemos a direção, nem como chegar a algum lugar. Não sabemos nem porque escolher um caminho.
Chega um tempo de mudança, de sair de si mesmo e encontrar-se.

E nesse tempo teremos  que aprender e acreditar em nossa capacidade e resiliência.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Um sonho lindo

O que mais desejamos?
Voltar ao passado para que o futuro nos seja conhecido.
Mudar acontecimentos vindouros, ocultar falhas, promover benefícios.
Fazer diferente em relação a amores, dissabores, desventuras e acontecimentos sombrios.
Um dia iremos aprender que o maior mistério da vida é deixar que ela seja capaz de nos conduzir.
Que o inusitado mesmo é não saber.
Que o conhecer, por vezes, nos rouba a novidade do encontro.
Se soubéssemos o que nos aconteceria ao virar a esquina, ou quem sabe, na longa estrada da vida, talvez o aprendizado não fosse aquele das lágrimas sofridas, da espera que angustia, da multiplicação da esperança, dia-a-dia.
Talvez fosse difícil reconhecer um sentimento verdadeiro, por medo de viver o passado.
Ou mesmo não fosse necessário pedir perdão ou ser perdoado.
Os dias seriam vazios e uma eterna espera substituiria a alegria momentânea. 
Os dias maus seriam apenas saudades.

Só uma coisa não mudaria...

Eu te encontraria, nem que o dia virasse noite.
Ainda que eu adiantasse mil anos em um dia.
Ainda que você me avaliasse louco
Eu te encontraria na sua casa 
Ou te ofereceria açaí no corredor do setor dois.
Eu falaria do interior, arranjaria desculpas pra conversar.
Olharia nos seus olhos e saberia exatamente o porquê de tanto amor.
O tempo é mero detalhe, Maio, Novembro, Fevereiro, não interessa.
Eu te encontraria nem que para isso gravasse seu nome no céu.(...)