Vivemos como em
um sono profundo e a morte é o despertar permanente. Interessante que comumente
ouço que o sono se assemelha a morte, eu não acho. O sono se assemelha a vida,
pois com suas ilusões (sonhos) nos fazem acreditar que a realidade é aquilo que
vemos, no sono não nos damos conta da vida que vai passando, da respiração que
envolve nossos pulmões. O sono nos deixa vulneráveis, despreparados. Na vida
nunca estamos preparados, o futuro é incerto, o presente, muitas vezes, um
embrulho difícil de abrir todo dia. Viver é assim.
São tantas as
tentativas do homem para descobrir os segredos da terra, mas em vão vasculham nos
cérebros humanos a inteligência perfeita, procuram vida em planetas afastados,
constroem imensos paraísos particulares na ilusão de que algum dia possam ser
donos dos próprios corpos, possam quem sabe, prever e marcar o dia da morte, ou
melhor, nem morrer.
Estudamos anos
e anos a fio, na esperança de sermos úteis para a humanidade e não sermos
descartados pela sociedade. As pessoas se especializam em profissões, que
talvez dê bastante dinheiro para que possam comprar tudo que desejam, se
esforçam para serem melhores em tudo. Melhores na vida, melhores na comida, melhores
nas roupas, melhores nas casas que moram, melhores conhecedores de tudo, melhores
no amor, melhores até na dor.
Enquanto isso,
aqueles que nem de longe poderiam sonhar com tamanha façanha, vêem tudo isso
inertes, tristes, sonhadores cegos, surdos e mudos, que por meio de uma tela
pequena e antiga acompanham o progresso da humanidade. Esses passam
despercebidos. A não ser que nos emocionemos um dia desses, com uma história
linda de um menino de rua que cresceu e tornou-se doutor... aí sim, acreditamos
que um sonho pode ser real mesmo. Ou quando um
apresentador de TV vai até a favela e reforma a casa de uma mãe
desesperada que passa fome todo dia, ou reforma o carro velho de algum homem
pobre que sustenta a família de 11 filhos, que finalmente poderão passear de
carro novo com o pai, sem nada na barriga.
Quando vamos
ao shopping o que vemos é a segregação, o poder das roupas, do dinheiro, do
prestígio. Quando abrimos o facebook, não vemos nada diferente disso. Vemos
felicidade comprada, forjada, amores inventados, personalidades falsas, Sorrisos
fingidos, aventuras mentirosas, festas maravilhosamente mal aproveitadas, vemos
futilidades expostas ao ridículo. E novamente, aqueles que vêem pensam: Nossa,
como são felizes! Como a vida deles é perfeita!
Não quero aqui
condenar as pessoas que fazem isso, longe de mim! É só reflexão, é só conversa
pra boi dormir! O que desejo mesmo é viver a vida como em um longo sono, sabe
aqueles sonos que você dorme com vontade, quando você ta muito cansada e se
deita na cama? Um sono gostoso. Quero sonhar muito, mas aquele sonho que você
sabe que ta sonhando... já sonhou assim? É isso, eu quero vida de verdade,
amores verdadeiros, sorrisos sinceros, felicidade cotidiana, não quero roupa de
grife, quero ser "eu" onde estiver, não quero expor o quanto sou feliz, eu quero
é ser. Quando um dia eu despertar, que seja maravilhoso também. E talvez pergunte como Pilatos: O que é a verdade?
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