O cotidiano nos cega para realidades óbvias em nossas vidas. São invisíveis que estão muito perto de nós. Sim! Pessoas que não nos dispomos a enxergar. Não valem muito, são optativas, pelo simples fato de serem inúteis para nós e, por isso deixam de existir. Ou mesmo que sejam úteis, o egoísmo, que nos permite pensar apenas em nós mesmos, e deixar de lado as necessidades alheias, nos impede de ao menos, notar o ser humano que mora ao lado.
Deve ser por esse motivo que nos surpreendemos tanto com a bondade alheia, pois, não estamos acostumados com a comiseração de seres tão civilizados e educados como o homem!
Tantas razões para fechar os olhos! Tantos motivos para achar que somos melhores. Mil e um argumentos para dizer que não vale à pena crer que um bom dia, um sorriso, um abraço, uma ajuda, um olhar, faça a diferença. Certamente um invisível não seria capaz de merecer tanto, não é?
Somos narcísicos. Amamos o espelho. De tão vaidosos, somos, por vezes, incapacitados de ver o reflexo de outrem. Nossa imagem é muito agradável. Nossa perspectiva é mais interessante.
Não digo que ignoramos as pessoas por pura maldade, nem todos, mas não fazemos o mínimo esforço para ver o outro. Não preciso ir longe. Muitas vezes, a indiferença está bem perto mesmo, dentro de casa. Nós somos egocêntricos, e não acho que seja nossa culpa, mas na medida, em que deixamos que nosso ego ultrapasse o limite, resultando na prepotência, arrogância, algo está errado.
Desde crianças fomos ensinados a vermos nossas necessidades em primeiro lugar, até para nossa sobrevivência, fomos crescendo e essa “pedagogia” foi sendo propagada pelo egoísmo natural, pois à medida que “evoluímos” fisicamente, somos cada vez mais também, seres para dentro de nós, e de tão dentro, vamos-nos “enterrando” em um mundo particular.
Precisamos ter um olhar mais exterior, que possa além de ver, a nossa TPM, o ônibus que está atrasado, uma briga de casal, a unha que infelizmente quebrou, o cabelo que não está como deveria, a espinha que insiste em não sair do rosto ou o trânsito que não acaba, possamos enxergar também os invisíveis. Sabe o motorista de ônibus, a vendedora da cantina, o pedinte de rua, a pessoa que senta do seu lado no coletivo...na igreja, o homem que vende sorvete na praia, seus irmãos, sua tia, sua vizinha, jardineiro, faxineira (o), o colega de classe que ninguém tem tempo de ouvir, pelo simples fato, de não ser o mais interessante da classe? Sim, esses, com raras exceções, são seres humanos fantásticos, com muito para ensinar, se tivessem oportunidades.
Sei que não precisamos deles (ou assim pensamos), mas quem sabe se fizermos um esforço, perceberemos que existe um sentimento chamado gratidão, e que de quebra, possamos lembrar também, que essas pessoas, um dia foram imprescindíveis, ou em algum momento de nossa curta existência podem ser essenciais.
Autora: Sharline Dionízio
Sharline muito bom seu texto. Todas as indagações são buscas pela melhoria de nós mesmo e daqueles que nos rodeiam.Infelizmente nosso "mundo" é tão mesquinho que tudo e todos passam por nossas vida despercebidos diversa vezes. Mas, existe sim diversos outros mundos a serem explorados e conhecidos.
ResponderExcluirObrigada Leandro!!! : )))
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