Viver é uma tomada de consciência progressiva. Um
dia, muito tempo atrás, as flores eram outras, o brilho do sol queimava menos
minha pele, as tempestades pareciam mais desafiadoras, a lua que surgia tão
grande no céu realizava todos os meus desejos, a noite tinha um cheiro de
sereno proibido, as ruas serviam de palco para aventuras cotidianas e antes que
pudesse notar porque as pessoas não acreditavam na vida, ou porque os adultos
eram tão preocupados em explicar a vida, eu apenas sentia a vida como fazem os
pássaros, como fazem os sábios.
Eu
não pensava no que porventura não aconteceu ou no que iria suceder, eu
saboreava o momento que surgia despretensioso nas noites e dias que me eram
presenteados.
Não
sei onde se perdeu esse olhar que só enxergava a simplicidade do mundo.
A
vida tão vazia, no melhor sentido do termo, era um nada cheio de sonhos, um não
sei repleto de certezas.
E
diante das grandezas desse meu caminho eu tinha medo, mas não era angústia, era
fraqueza.
Os
cenários eram todos novos, recém chegada à vida eu temia os outros e os “eus”
que surgiam dos outros.
Quando
mirava o céu ele parecia dar ordens, infinito o seu poder sobre mim.
Sinto
que tudo que contemplava antes está aqui, mas não pode ser igual, o rio segue seu curso, o tempo muda as posições,
as estações se alternam e o olhar se submete aos limites do espaço e das horas.
Sharline Dionízio
Nenhum comentário:
Postar um comentário