Sejam bem vindos!!

























quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Antes que acabe *-*


Antes que o dia acabe é interessante olhar em volta, pensar um pouco o quanto deixamos de fazer, de pensar e de amar.
Como nos transformamos à medida que o tempo passa!
O quanto ficamos “caretas”, e esquecemos de olhar apenas à nossa volta.
O céu, aquela árvore que sempre está no mesmo lugar, olhar para a lua que surge todo dia, olhar para o sol e sentir o seu calor.
Não é difícil entender porque os pássaros cantam tanto e parecem tão felizes.
É  interessante que o mundo nos seja sempre novo, que cada rosto que vemos todos os dias, surja sempre como novidade, não importa quanto nós vemos cada pessoa que encontramos, elas sempre serão novas pessoas.
Não desperdice seu tempo com raiva da vida ou de alguém, que sua raiva seja passageira, que seu tempo seja precioso, que sua vida seja feliz.
Olhe simplesmente para além do céu, o universo está sempre lá, na sua complexidade, na sua imensidão e você... e eu... estamos aqui como pássaros, presos em nossa liberdade, pequena gaiola do tempo.
Lá, o tempo não existe, aqui nada é concreto a ponto de você ser tão careta. 
Olhe para cima e não tenha medo de sonhar, pois é tudo que temos.
Todos nós somos apenas um, unidos pela nossa condição de sermos humanos, e o que nos resta então é a felicidade.
Eu não tenho medo de falar em ser feliz, muita gente tem medo de falar e de ser. 
Não cometa esse erro, porque felicidade é tudo que temos e não pode ser roubada de nós.
Felicidade é pássaro que canta por nada, é ave que gorjeia sem saber por que, ela pousa na árvore e torna-se parte dela.
Felicidade é somente acordar, é viver sem saber. 
Porque quem sabe viver, nunca aprendeu em nenhuma fórmula, apenas deixa a vida se fazer.
Eu tenho medo de quem teoriza para ser feliz.

Eu sou feliz sendo, e viver é isso, é simplesmente ser.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Saudades de dizer




Esta é apenas uma tentativa de escrita.
É que às vezes, foge-me a poesia.
Ela se transforma em paisagens, cores, imagens abstratas
Tudo tornou-se muito concreto e então tive saudades.
Saudades da rima, do inesperado, saudades das palavras
Desconexas, do pensamento desorganizado.
Na verdade, saudades de mim, da angústia que me toma
Ao pensar no vazio da existência.
Poesia é não ter onde pisar, ou não ter porquê pisar.
Saudades de ver além

Da humanidade angustiada da qual sou parte.

sábado, 26 de julho de 2014

A condição humana


Vivemos como em um sono profundo e a morte é o despertar permanente. Interessante que comumente ouço que o sono se assemelha a morte, eu não acho. O sono se assemelha a vida, pois com suas ilusões (sonhos) nos fazem acreditar que a realidade é aquilo que vemos, no sono não nos damos conta da vida que vai passando, da respiração que envolve nossos pulmões. O sono nos deixa vulneráveis, despreparados. Na vida nunca estamos preparados, o futuro é incerto, o presente, muitas vezes, um embrulho difícil de abrir todo dia. Viver é assim.
São tantas as tentativas do homem para descobrir os segredos da terra, mas em vão vasculham nos cérebros humanos a inteligência perfeita, procuram vida em planetas afastados, constroem imensos paraísos particulares na ilusão de que algum dia possam ser donos dos próprios corpos, possam quem sabe, prever e marcar o dia da morte, ou melhor, nem morrer.
Estudamos anos e anos a fio, na esperança de sermos úteis para a humanidade e não sermos descartados pela sociedade. As pessoas se especializam em profissões, que talvez dê bastante dinheiro para que possam comprar tudo que desejam, se esforçam para serem melhores em tudo. Melhores na vida, melhores na comida, melhores nas roupas, melhores nas casas que moram, melhores conhecedores de tudo, melhores no amor, melhores até na dor.
Enquanto isso, aqueles que nem de longe poderiam sonhar com tamanha façanha, vêem tudo isso inertes, tristes, sonhadores cegos, surdos e mudos, que por meio de uma tela pequena e antiga acompanham o progresso da humanidade. Esses passam despercebidos. A não ser que nos emocionemos um dia desses, com uma história linda de um menino de rua que cresceu e tornou-se doutor... aí sim, acreditamos que um sonho pode ser real mesmo. Ou quando um  apresentador de TV vai até a favela e reforma a casa de uma mãe desesperada que passa fome todo dia, ou reforma o carro velho de algum homem pobre que sustenta a família de 11 filhos, que finalmente poderão passear de carro novo com o pai, sem nada na barriga.
Quando vamos ao shopping o que vemos é a segregação, o poder das roupas, do dinheiro, do prestígio. Quando abrimos o facebook, não vemos nada diferente disso. Vemos felicidade comprada, forjada, amores inventados, personalidades falsas, Sorrisos fingidos, aventuras mentirosas, festas maravilhosamente mal aproveitadas, vemos futilidades expostas ao ridículo. E novamente, aqueles que vêem pensam: Nossa, como são felizes! Como a vida deles é perfeita!
Não quero aqui condenar as pessoas que fazem isso, longe de mim! É só reflexão, é só conversa pra boi dormir! O que desejo mesmo é viver a vida como em um longo sono, sabe aqueles sonos que você dorme com vontade, quando você ta muito cansada e se deita na cama? Um sono gostoso. Quero sonhar muito, mas aquele sonho que você sabe que ta sonhando... já sonhou assim? É isso, eu quero vida de verdade, amores verdadeiros, sorrisos sinceros, felicidade cotidiana, não quero roupa de grife, quero ser "eu" onde estiver, não quero expor o quanto sou feliz, eu quero é ser. Quando um dia eu despertar, que seja maravilhoso também. E talvez pergunte como Pilatos: O que é a verdade?


quarta-feira, 9 de julho de 2014

Entre os dias


Felicidade não se conta, não se mede e não se pede.
Felicidade apenas se descobre, se vive e se move 
Ela está entre olhares, passos, modos e desmodos
Felicidade não morre 

É aquele suspiro depois de um dia corriqueiro 
Felicidade é a conversa olhando para o horizonte alaranjado
É a vista da lua pelas frestas do telhado

Felicidade é a rima do poema, 
A música preferida sendo ouvida ou cantada
Felicidade amiga da satisfação, da alegria e da simplicidade
Felicidade é tudo que se procura e não se acha

Felicidade é o amor que brota
Felicidade não está  do lado de fora
Felicidade não tem lado
 Felicidade não tem sentido
Não tem hora...

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Canção da saudade


Meu Seridó é como a terra de Gonçalves dias...
Tem pássaros que só cantam por lá.
Tem flores que iguais não há.
Tem tanta estrela, que parece farinha no ar.
A lua tem pressa em aparecer para que a gente possa admirar.

Meu Seridó dá muito gosto de ver, de apreciar.
Seus cactos, campos e caatingas são vistos no horizonte.
E quando a seca se prolonga o sertanejo fica triste, mas não desiste de lutar.
A chuva na minha terra é difícil, mas quando chove é de arrepiar.
Os campos são tão verdes que dá vontade chorar.

Meu Seridó tem gente simples e lutadora.
Que acorda cedo e sai pra capinar.
planta sem medo de errar
É melancia, e o que precisar
Cria gado, peixe e canarinho pra se alegrar.

Quando enche o açude, barrerinho e lagoa
Tem até pescaria
O espetáculo é grande
É gente tomando banho e a se refrescar.
Dá pra ver de longe a alegria no ar.

Tem primores que só encontro lá.
Tem mais amor e mais vida.
Tem um pôr-do-sol que declina devagar
Meu seridó,
 dá vontade de ficar
Mas Deus permita,
Que eu muito volte pra lá.



Em cada olhar


Aprender é se abrir para o sentimento.
Não estou falando de conhecimento que se adquire nos livros.
Falo da sabedoria que se aprende ao abrir a alma para o essencial.
E o que é essencial?
Essencial é viver o momento.
 Sentir o agora com todas as forças.
Parar um segundo, olhar sem pensar, sem tentar compreender porque o céu é azul ou porque a folha cai.
Essencial é saber que tudo que se vive tem um por que, uma razão, um motivo.
É olhar para trás e entender que tudo que se viveu ou se vive, faz parte de um processo muito maior.
É  a poesia da alma e não da métrica.
É  o olhar da despedida difícil, da voz embargada, do choro não contido.
Essencial é escrever sem motivos externos, é apenas dizer.
É ser você mesmo todos os dias.
é apreciar um pôr do sol sem que isso seja uma preocupação e nem que se sinta importante por isso.
É esvaziar a alma de sentimentos ruins, esvaziar a mente do que não acrescenta.
Essencial é olhar nos olhos e escutar.
 É  sorrir em nome da verdade e por prazer.
 É  abraçar com o corpo todo e com sinceridade.
É caminhar sabendo da importância de cada passo seu.
Essencial é viver o presente, como um agora interminável e maravilhoso.
É amar de forma sincera a quem precisar do seu amor.
É finalmente o que não cabe nessa escrita tão pequena, tão frágil para falar de algo tão grande, tão íntimo e importante.
Essencial não é entender o que escrevo, 
essencial é sentir o que sinto agora, 
a plenitude do momento.


quinta-feira, 6 de março de 2014

Tentativa







Chega um tempo (já dizia Fernando Pessoa), que é preciso abandonar antigas amarras, cordas que  construímos em torno de nós.
Chega um tempo que o comodismo incomoda, que o fazer mecânico nos torna dependentes de nossas próprias ações.
Chega um tempo que você realmente olha, para que possa ver, e às vezes demora. Fazer porque todo mundo faz, já não te dá prazer e assim, começa a questionar o porquê de coisas que nunca foram importantes para você.
 Chega um tempo que a quantidade de informações te sufoca e você precisa escolher. Um tempo que é só você & você. E então,  pára e pensa no que está pensando do seu fazer.
Chega um tempo que o seu presente é seu futuro, que você não tem mais tempo de ser, precisa priorizar uma via, se despir das suas verdades e refletir novas respostas.
Chega um tempo que as escolhas são dolorosas, mas não há outro caminho para o crescimento, a não ser seguir em frente.
Chega um tempo que não sabemos a direção, nem como chegar a algum lugar. Não sabemos nem porque escolher um caminho.
Chega um tempo de mudança, de sair de si mesmo e encontrar-se.

E nesse tempo teremos  que aprender e acreditar em nossa capacidade e resiliência.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Um sonho lindo

O que mais desejamos?
Voltar ao passado para que o futuro nos seja conhecido.
Mudar acontecimentos vindouros, ocultar falhas, promover benefícios.
Fazer diferente em relação a amores, dissabores, desventuras e acontecimentos sombrios.
Um dia iremos aprender que o maior mistério da vida é deixar que ela seja capaz de nos conduzir.
Que o inusitado mesmo é não saber.
Que o conhecer, por vezes, nos rouba a novidade do encontro.
Se soubéssemos o que nos aconteceria ao virar a esquina, ou quem sabe, na longa estrada da vida, talvez o aprendizado não fosse aquele das lágrimas sofridas, da espera que angustia, da multiplicação da esperança, dia-a-dia.
Talvez fosse difícil reconhecer um sentimento verdadeiro, por medo de viver o passado.
Ou mesmo não fosse necessário pedir perdão ou ser perdoado.
Os dias seriam vazios e uma eterna espera substituiria a alegria momentânea. 
Os dias maus seriam apenas saudades.

Só uma coisa não mudaria...

Eu te encontraria, nem que o dia virasse noite.
Ainda que eu adiantasse mil anos em um dia.
Ainda que você me avaliasse louco
Eu te encontraria na sua casa 
Ou te ofereceria açaí no corredor do setor dois.
Eu falaria do interior, arranjaria desculpas pra conversar.
Olharia nos seus olhos e saberia exatamente o porquê de tanto amor.
O tempo é mero detalhe, Maio, Novembro, Fevereiro, não interessa.
Eu te encontraria nem que para isso gravasse seu nome no céu.(...)





sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Desped(ir)








Não aprendo a te ver partir...

Sem que meus pés estejam sobre os teus, quando tão por brincadeira, te peço para me conduzir.

Não aprendo a te ver partir...

Sem que teu beijo seja o final de tudo, teu abraço, teu toque de veludo.

Não aprendo a te ver partir...

Sem a saudade após o encontro diário com a tua fala, que tanto gosto de ouvir.

Não aprendo a te ver partir...

Sem as mãos entrelaçadas até andando pela casa.

Não aprendo a te ver partir...

Sem fixar meus olhos nos teus e ver a pureza neles estampada.

Não aprendo a te ver partir...

Sem um abraço demorado, daqueles de sexta à tarde.

Não aprendo a te ver partir...

Ainda que a distância seja apenas a de um passo.

Não aprendo a te ver partir...

Porque a geografia é mínima diante da saudade.

Não aprendo a te ver partir... 

Porque você já faz parte de mim.

Não aprendo a me despedir e não me ensine jamais.










sábado, 25 de janeiro de 2014

Autobiografia



         O lugar em que estava era calmo, as folhas das árvores faziam movimentos de acordo com o vento que as agitava. A relva era um convite para o descanso e a sombra das folhagens oferecia uma brisa aconchegante. Contemplava o azul claro que se apresentava naquele dia, esplêndido. Quando ao longe vi que alguém corria ao meu encontro, por mais que tentasse, não conseguia decifrar a sua fisionomia. Cada vez mais ela se aproximava e comecei a perceber uma familiaridade nos seus gestos. Até que chegou perto, e então notei que aquela criatura, possuía a minha face de criança, estampada em seu rosto.

   Não dissemos palavra, eu só conseguia olhar. A emoção de se perceber na infância é indescritível... Aquela criança à minha frente apenas sorria e era muito bom sentir-se aceita daquela forma. Ela inclinou-se à minha direção e pegou na minha mão. Nesse instante como uma mágica fantástica, saímos a voar... Eu mantinha os meus olhos fechados, pois tinha medo de altura, entretanto, percebi que ela se divertia entre risadinhas e pedidos para que eu curtisse a aventura. Então tomei coragem e abri os olhos. Nossa! Era uma experiência maravilhosa, os cenários e paisagens mudavam constantemente.
     Ela falou ao meu ouvido que me levaria a lugares que me trariam recordações. E sem que eu esperasse muito, logo reconheci a casa da minha avó onde passei parte da minha infância. Descemos por um momento e entrei na casa. Vi os cômodos antigos, senti o cheiro da canjica que ela mexia ao fogo, minha irmã sentada ao chão da grande área, na qual brincávamos o dia inteiro de boneca, o quintal repleto de plantas onde corria sem preocupações, e também retirava goiabas da grande árvore que se localizava ao centro do terraço. Ao pé do portão da frente, contemplei toda a rua, em que brinquei de queimada, amarelinha e me escondia ao som da voz que contava de 1 a 10.
    Fui informada que precisávamos ir... Segurei forte em suas delicadas mãos. Apesar de sua pequenez, sentia-me protegida. Notei que estávamos acima de um prédio para mim inesquecível. Novamente paramos na calçada e ao levantar a cabeça vi a fachada que dizia: Jardim Escola Mistério do Saber, sem dúvidas era o lugar onde descobri as primeiras letras. Ali aprendi além do alfabeto, a superar os medos que se me apresentavam gigantes. O nome da escola que aprendi letra por letra a ler, foi mais que um nome, era um prelúdio de que toda a minha vida procuraria desvendar os mistérios do conhecimento.  Caminhei para dentro e percorri corredores, salas e pátio. Em cada ambiente vazio enxergava crianças que corriam suadas e coradas pelo calor, brincadeiras infindáveis que inventávamos. Gritos e o sinal que tocava para o recolhimento. No primeiro dia de aula senti o cheiro de crianças bem perfumadas para a estréia, cheiro de lanche da hora do recreio, e o choro desesperado de medo e desamparo. A cantina que só foi usada mais tarde, após a constatação de que não era mais apropriado levar o próprio lanche. Por um momento fechei os olhos para ver melhor, e ao abrir fui surpreendida pelo vôo acima do morro, no qual brincava nas sextas-feiras subindo e descendo na areia quente.
       A próxima parada foi na casa dos meus pais em que fui morar apenas no final da infância e adolescência. O lugar inicialmente desconhecido foi aos poucos se tornando familiar, e lá passava horas e horas conversando com os clientes do bar de propriedade do meu pai. Eles contavam histórias que naquela época não entendia. Contemplei a rua que percorria e a fuga de bois bravos que pastavam num campo, e que corriam atrás de nós ao atravessá-lo vez em quando. Lembro-me do dia em que nos mudamos de lá, foi triste. Os vizinhos todos olhavam para o caminhão que continha nossos pertences. Apenas deixávamos para trás as lembranças de um tempo bom. Não imaginava que nos mudaríamos ainda muitas vezes, após esse momento para que chegássemos ao lugar onde atualmente moramos.
      Ainda estava absorta em lembranças quando fomos embora novamente. Agora ela preveniu-me de que o passeio estava chegando ao final. O lugar escolhido foi a escola onde descobri que crescer não é tarefa fácil! Escola Estadual Lauro de Castro, onde cursei o ensino fundamental. Lá foi o lugar das descobertas, da primeira paquera, das primeiras decepções, da constatação de que a inocência ainda não havia se despedido. Onde os problemas pareciam bem maiores do que realmente eram. Caminhei pelo pátio, cenário de muitas conversas, pelas salas, cenário de aulas inesquecíveis.
     Não demorou para que, sem que percebesse, estivesse no ar novamente ao lado de pássaros em bando. Dessa vez percebi que era a reta final. Vi o prédio em formato de X, que reconheci ser a Escola Estadual do Atheneu. Entrei e ao atravessar o portão todas as recordações se materializaram. Vozes soavam, jovens corriam ansiosos, Passos ligeiros subiam as grandes escadas com olhos de expectativa. Lembro de ter sentido medo a primeira vez que vi a grandeza do lugar. Era tudo muito novo para mim. Certamente aquele lugar transbordava historicidade. Era um prédio antigo. Minha mãe havia estudado lá. E quando percorria os corredores enormes, lembrava que um dia os pés dela pisaram o mesmo chão. Fechei novamente os olhos para sentir o cheiro que emanava da biblioteca que tanto gostava.
          Um momento  mágico, daqueles que nunca se esquece, minha miniatura tão inocente e singela, fez-me sentir novamente, não sei como, o abraço da aprovação do tão sonhado vestibular. Tantas tentativas se concretizaram naquele abraço do meu pai, no olhar de alegria da minha irmã, no rosto de surpresa da minha mãe, foi maravilhoso saber que meus esforços foram recompensados. Nos muros do conhecimento, descobri e continuo descobrindo verdades dispensáveis e outras fundamentais. Lá encontrei também o amor e a razão da felicidade!
     De súbito abri os olhos e qual não foi a minha surpresa quando minha adorável companheira havia sumido. Ainda confusa só conseguia sorrir, porque sabia que a partir de lembranças tão doces, cheias de conquistas simples, porém repletas de significados, é que podia sentir-me mais forte para o que ainda estava por vir.
   
    

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Pelos olhos teus...


Suas mãos estão pousadas no rosto, como quem espera um milagre não anunciado. Olhos perdidos no horizonte, fala inaudível, semelhante à alguém que dialoga consigo mesmo. E em meio à paisagem áspera dos dias que se seguem ruins, ele não pede muito da vida, brada somente que os céus possam, quem sabe, escutar-lhe as preces.
         E ali, parado, olhando para o nada tão grande, ele se lembra dos dias de céu pesado. Dos caminhos cheios de barro, das pedras molhadas, da terra alagada. Lembra-se das horas de alegria intensa, pela cor da esperança tão à vista de seus olhos. Recorda-se das águas tão fartas que um dia circundaram seus territórios. Quanta felicidade era para o seu velho coração, encontrar a fartura de suas plantações, a cor e o brilho da natureza por ele cultivada.
       Seria porventura, pedir muito, se clamasse apenas trabalho para seus braços ainda fortes e relutantes? Seria maldizer se todos os dias ele acordasse ansioso pelo cheiro de terra molhada e apenas lamúria encontrasse, ao ver em seu lugar o aroma quente e seco dos dias de estiagem? Não, meu querido sertanejo, se Deus nos primórdios do mundo “condenou” o homem a viver do suor de seu trabalho, por certo não se importaria de escutar vossos lamentos.
     A tua crença é tão digna quanto qualquer Deus que se possa adorar. Tua fé é pautada no que mais podes admirar, naquilo que pulsa em teu coração. Nas águas, no ar, no verde de cada árvore que se ergue em cada estação, no plantio e na colheita, nos animais de criação, nos pássaros que anunciam o inverno ou verão. Se a natureza pudesse um dia te falar com lábios e olhos para chorar, diria que todos os dias enxerga a esperança em ti bradar, que tuas lágrimas não serão esquecidas, que teu respeito pela mãe de todos os seres, um dia será recompensada.
      Por teus olhos e exemplo eu aprendo. Aprendo bem mais que nos livros. E sentado embaixo da árvore, olhando para você, eu levo para a vida lições que iguais não poderia ter, em universidade qualquer. Assim, eu observo no dia nublado tua esperança, eu noto bem mais que os outros poderiam ver, eu vejo tua expectativa no horizonte que não chega.